O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJ-RJ) afastou Ednaldo Rodrigues da presidência da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) nesta quinta-feira (15). A decisão foi assinada pelo desembargador Gabriel de Oliveira Zéfiro, que também declarou nulo o acordo que havia encerrado a ação sobre o processo eleitoral da entidade.
Segundo o magistrado, o documento firmado por cinco dirigentes — incluindo o ex-presidente Coronel Nunes — pode ter sido assinado de forma fraudulenta. A suposta falsificação da assinatura de Nunes e um laudo pericial embasaram a decisão. “Declaro nulo o acordo firmado entre as partes, homologado outrora pela Corte Superior, em razão da incapacidade mental e de possível falsificação da assinatura de um dos signatários”, escreveu Zéfiro.
Em seu lugar, foi nomeado como interventor o vice-presidente Fernando Sarney. Ele deverá convocar novas eleições “o mais rápido possível”, conforme determinação judicial. Cabe recurso nos tribunais superiores, como o STJ e o STF.
Sarney assume cargo em meio a embate político
Fernando Sarney, escolhido como interventor, é um dos atuais vice-presidentes da CBF, mas não fazia parte da chapa de reeleição de Ednaldo em março. Seu mandato como vice segue até 2026. No entanto, sua relação com o agora ex-presidente se deteriorou. Recentemente, ele mesmo acionou o STF, ao lado da deputada Daniela do Waguinho (União Brasil-RJ), pedindo o afastamento de Ednaldo.
O ponto central da ação é a validade do acordo que havia encerrado a disputa judicial anterior. Caso seja comprovada a falsidade da assinatura do Coronel Nunes, o acordo perde efeito, e a eleição que garantiu a permanência de Ednaldo na presidência deixa de ter validade legal.
O caso foi encaminhado ao TJ-RJ por ordem do ministro do STF Gilmar Mendes. Ele solicitou apuração urgente, mas não determinou o afastamento imediato de Ednaldo naquela ocasião.
Acordo precipitado com Ancelotti gerou desconforto
Em meio à crise, Ednaldo tentou ganhar apoio ao anunciar, na última segunda-feira, a contratação do técnico Carlo Ancelotti para a Seleção. A decisão foi feita de forma antecipada, mesmo sem confirmação do Real Madrid, clube atual do treinador. A atitude foi vista como uma tentativa de capitalizar apoio popular.
Além disso, o então presidente se reuniu com presidentes de federações e recebeu garantias de apoio. Ainda assim, a decisão do TJ-RJ, tomada dias depois, mostra que os bastidores da CBF seguem instáveis e com novo embate jurídico em curso.