A Ferrari vive seu pior momento na temporada 2025 da Fórmula 1, e o GP da Emília-Romagna escancarou a crise. Charles Leclerc, que largou em 12º lugar no circuito de Ímola, protagonizou um dos desabafos mais ácidos do ano pelo rádio da equipe, chamando decisões da prova de "piada do c" e criticando duramente o Safety Car Virtual que prejudicou sua estratégia. As frases, captadas pelas câmeras da F1 TV, resumem o clima de frustração na escuderia italiana — vice-campeã em 2024, mas agora fora do top 5 no campeonato de construtores.
Os momentos que incendiaram Leclerc
A corrida foi marcada por duas situações que levaram o monegasco ao limite:
- Safety Car Virtual controverso: No início da prova, o abandono de Esteban Ocon (Alpine) acionou o Safety Car Virtual (VSC) — sistema que reduz a velocidade dos carros sem agrupá-los. O timing foi catastrófico para Leclerc, que havia acabado de fazer seu pit stop. "Inacreditável, inacreditável. Toda vez esse safety car virtual me f*", disparou, aos gritos. A Ferrari calculou que o VSC custou a ele 8 segundos, equivalente a duas posições.
- Ordem para ceder posição a Albon: No final da corrida, a direção de prova considerou que Leclerc forçou Alexander Albon (Williams) a sair da pista em uma ultrapassagem. A equipe então ordenou que ele devolvesse a posição — decisão que o piloto classificou como "piada". "Corrida é assim agora? O que eu fiz de errado?", questionou, antes de cumprir a ordem sob protesto.
Erros estratégicos e tensões internas na Ferrari
O desempenho em Ímola é o ápice de uma sequência de falhas da Ferrari em 2025:
- Problemas no desenvolvimento do carro: O SF-25 sofre com falta de downforce em curvas de média velocidade, como mostrou a dificuldade de Leclerc e Lewis Hamilton no treino classificatório (11º e 14º lugares, respectivamente).
- Relação conturbada com Hamilton: Na etapa anterior (Miami), o britânico teve discussão acalorada com seu engenheiro de pista após pit stop tardio.
- Estratégias conservadoras: Na Emília-Romagna, a equipe optou por pneus duros no início, enquanto rivais como McLaren e Red Bull arriscaram compostos mais rápidos.
Em entrevista pós-prova, Charles Leclerc manteve o tom crítico, mas tentou racionalizar o caos: "O primeiro VSC veio no pior momento possível. O segundo foi horrível porque eu não tinha pneus para aproveitar. (...) Comecei em 11º, sabia que precisaria correr riscos, mas sinto que estou me frustrando até ao pilotar".
Sobre a ordem para ceder a posição, foi diplomático: "Vou analisar as imagens, mas dei tudo de mim". A frase ecoa declaração feita dias antes ao SportBuzz: "Posso lutar o quanto quiser, mas não posso fazer milagres".
Próximos desafios
A equipe agora se prepara para o GP de Mônaco, onde Leclerc sonha em vencer pela primeira vez em casa. Mas o cenário é preocupante:
- Dados técnicos: A Ferrari é apenas a 5ª força no grid em velocidade média nas curvas, segundo a Fastest Lap Analytics.
- Pressão externa: A imprensa italiana já cobra a cabeça do diretor técnico Enrico Cardile, criticado pela falta de evolução do carro.
"A Ferrari parece ter perdido a direção. Leclerc está certo em cobrar mais competência", comentou o ex-piloto Ralf Schumacher no Sky Sports Alemanha.