Aos 62 anos, Tom Cruise continua a surpreender o público com cenas de ação de tirar o fôlego na franquia "Missão Impossível". O astro, que se recusa a usar dublês em grande parte das cenas perigosas, não apenas desafia as leis da física, mas também revela até onde o corpo humano pode ir com treinamento rigoroso, disciplina e coragem.
O ator se tornou sinônimo de intensidade e entrega em Hollywood. Em "Missão Impossível: Nação Secreta" (2015), o ator ficou submerso por mais de seis minutos para gravar uma única cena — uma façanha que para muitos pareceria impossível, mas que ele realizou após meses de preparação com especialistas em apneia.
A explicação está no chamado "reflexo de mergulho", um mecanismo do nosso corpo que reduz o ritmo cardíaco e desvia o fluxo sanguíneo para os órgãos vitais quando estamos embaixo d’água. Esse reflexo, que é mais comum em mamíferos aquáticos, também existe em humanos, embora de forma mais sutil. Com treino, é possível prolongar significativamente o tempo de apneia.“Para quem não treina, prender a respiração pode durar entre 30 e 90 segundos. Mas com treinamento adequado, é possível ultrapassar a marca de seis minutos, como fez Cruise”, explicou em entrevista à BBC o fisiologista Mike Tipton, professor da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra.
Outra cena emblemática da franquia é a escalada sem equipamentos de proteção aparentes na abertura de "Missão Impossível 2" (2000). Embora houvesse cabos de segurança — removidos digitalmente na pós-produção — a escalada foi real, e exigiu força, equilíbrio e controle muscular rigorosos."A escalada livre exige um controle extremo do corpo, especialmente dos músculos das costas e do abdômen. É uma atividade que poucos atletas conseguem executar com segurança, e ainda assim, sob alto risco”, afirmou à BBC o fisiologista e médico esportivo Neil Gibson.
Apesar do preparo minucioso, Cruise não saiu ileso. Lesões fazem parte da rotina do ator durante as filmagens. Já fraturou costelas, deslocou o ombro e quebrou o tornozelo ao saltar de um prédio em "Missão Impossível – Efeito Fallout" (2018). A cena, inclusive, foi mantida no corte final do filme.
Mesmo com o passar dos anos, o astro parece continuar em busca da superação. Para Mike Tipton, a explicação vai além da genética: “O que Cruise faz é resultado de treinamento disciplinado e conhecimento do próprio corpo. Ele sabe como manipular seus limites de forma segura e precisa”.
O ator é uma rara exceção em um mercado cinematográfico onde a maioria das cenas de ação é feita por dublês ou gerada por computador. Sua entrega transforma os bastidores dos filmes em verdadeiros estudos sobre resistência física e mental.