Duas médicas registraram boletins de ocorrência após terem suas identidades usadas indevidamente em um anúncio de canetas emagrecedoras na internet.
A busca por remédios de emagrecimento,como Mounjaro, Ozempic e Wegovy tem levado ao surgimento de ofertas online irregulares e enganosas: como são medicamentos, esses produtos só podem ser vendidos em lojas físicas e sites oficiais de farmácias e drogarias.
Para dar credibilidade aos anúncios, existem sites que usam, sem autorização, os nomes de endocrinologistas, de farmacêuticas e até da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Na segunda-feira(5), o órgão publicou um alerta sobre o uso indevido do seu nome.
“Esses anúncios são falsos! A Anvisa não comercializa ou intermedia a venda de qualquer medicamento. Se você encontrar publicações desse tipo, denuncie! E não clique em links relacionados”, alertou em seu site.
Reputação manchada por criminosos, diz médica
Um dos anúncios, além do nome da Anvisa, usa o nome de uma médica e a foto de outra sem autorização. Ambas informaram terem registrado o boletim de ocorrência.
A endocrinologista Raquel Franchim, de Campinas (SP), teve o nome e o número de registro no Conselho Regional de Medicina (CRM) associado à foto da também endocrinologista Ana Merten, de Itatiba (SP), em um site que anuncia dois tipos de canetas emagrecedoras.
O nome de Franchim também é usado nas mensagens de WhatsApp para vender uma suposta consulta médica por R$ 450 com “pagamento antecipado à vista via pix direto na conta do marido dela”.
Porém, os dados para envio do dinheiro estavam registrados em nome de um homem do Paraná, que não é o marido da médica. Franchim ficou sabendo do uso de seu nome porque foi procurada por uma interessada em comprar caneta emagrecedora. A endocrinologista Ana Merten logo foi alertada por Franchim de que sua foto era usada no site.
"A revolta que fica é em relação à facilidade que [uma pessoa] pode obter essas informações, montar um site, enganar... E o que a gente pode fazer para que isso não aconteça? Para a pessoa se blindar e não ser vítima de um golpe como esse?", disse a médica.
Armadilha para cair no golpe
O site, para atrair os clientes, usa o nome de uma empresa que vende produtos hospitalares.
“[Os golpistas] pegam o valor antecipado. Se o cliente não tem o dinheiro, pedem um valor mínimo, justificando que vão reservar. Os clientes que acabam caindo nesse golpe nos procuram, pois os golpistas passam nossos meios de comunicação”, disse um funcionário da empresa verdadeira.
Segundo o funcionário, a seguradora teria descoberto o caso porque começaram a receber muitas queixas de pessoas que compraram os produtos, mas não receberam o medicamento. Em decorrência disso, a empresa passou a alertar para o golpe em seu site oficial. Procurados, os representantes não quiseram se manifestar.
Como evitar golpes?
Principais dicas da Anvisa para não cair em golpes de venda de caneta emagrecedora na internet:
Atenção com propagandas que encaminhem para a compra de produto por WhatsApp, Telegram e outras redes sociais. Sites em geral e marketplaces, influenciadores, vendedores ambulantes, carros de som ou outros estabelecimentos não podem comercializar medicamentos. Cuidado com conteúdos de aconselhamento em redes sociais, produzidos por influenciadores digitais. Um procedimento ou produto indicado para um paciente não é, necessariamente, aplicável a toda e qualquer pessoa.