Entre os dias 8 e 14 de maio de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou uma viagem estratégica à Rússia e à China, com o objetivo de fortalecer as relações diplomáticas e comerciais do Brasil com essas potências globais. A agenda incluiu a participação nas celebrações dos 80 anos da vitória soviética na Segunda Guerra Mundial, em Moscou, e a assinatura de diversos acordos bilaterais em Pequim, visando ampliar a cooperação em áreas como energia, ciência, tecnologia e comércio.
Em Moscou, Lula participou das comemorações do Dia da Vitória ao lado do presidente Vladimir Putin, sendo o único líder de uma grande democracia presente no evento. Durante a visita, foram assinados dois acordos: um de cooperação em ciência, tecnologia e inovação, e outro voltado à promoção de pesquisas conjuntas em áreas como clima, biodiversidade, biotecnologia e energia nuclear. O comércio bilateral entre Brasil e Rússia atingiu um recorde histórico em 2024, chegando a US$ 12,4 bilhões, embora com um déficit comercial significativo para o Brasil, que importou principalmente óleos combustíveis e fertilizantes, e exportou produtos do agronegócio como soja, café e carne bovina.
Na China, Lula participou da cúpula entre o país asiático e os membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), além de realizar uma visita de Estado. Durante a estadia, foram assinados pelo menos 16 acordos bilaterais, abrangendo áreas como economia digital, conectividade, gestão de riscos de desastres, comércio, saúde, segurança alimentar, ciência e tecnologia, e transição energética. O comércio entre Brasil e China também apresentou números expressivos, com um intercâmbio comercial de cerca de US$ 38,8 bilhões no primeiro trimestre de 2025.
A viagem de Lula ocorreu em um contexto de tensões geopolíticas, especialmente devido à guerra comercial entre Estados Unidos e China, intensificada pelas políticas protecionistas do presidente norte-americano Donald Trump. Lula criticou essas medidas unilaterais, defendendo o fortalecimento do multilateralismo e o respeito à soberania dos países. O presidente brasileiro também buscou mediar o conflito entre Rússia e Ucrânia, incentivando negociações de paz e propondo a realização de diálogos em Istambul, embora sem sucesso imediato.
Esta minha visita aqui é para estreitar e refazer, com muito mais força, a nossa construção de parceria estratégica. O Brasil tem interesses políticos, comerciais, culturais, interesses científico e tecnológico com a Rússia. - Disse o presidente enquanto estava na Rússia.
Em relação às políticas comerciais dos Estados Unidos, declarou:
A vinda à Rússia reafirma nosso compromisso com o multilateralismo. Iremos assinar acordos de cooperação em ciência e tecnologia e buscar a ampliação das nossas parcerias comerciais.
Na China, o presidente destacou a importância da relação bilateral:
O Brasil e a China têm uma agenda que é muito mais ampla do que as considerações de uma conjuntura, que obviamente preocupa. Acho que o Brasil preza a sua relação com os Estados Unidos e não faz da sua relação com a China algo que se contrapõe ao interesse em manter ótimas relações que, aliás, mantemos com os Estados Unidos
A viagem de Lula à Rússia e à China reforça o compromisso do Brasil com uma política externa independente, voltada para a diversificação de parcerias e a promoção de um mundo multipolar, baseado no diálogo, na cooperação e no respeito mútuo entre as nações.